Clara não temia a morte
Não temia a vida
Não temia a deus
Não temia seus pais.
Afinal,já era adulta.
Mas nunca temeu.
Nem mesmo quando seu pai gritou-lhe
Nem mesmo quando sua mãe bateu-lhe.
Não temeu o cão com raiva.
Nem os irmãos
Nem os colegas.
Clara não temia pessoas.
Nem seus fantasmas.
Chegou a adolescência
E Clara não temeu a nova escola.
Não temeu as festas.
Nem o álcool.
Nem as drogas.
Enfim,
tinha dezessete anos.
Fumava,bebia e se drogava.
Não temia nada.
Nem a ninguém
Terminou a escola.
Foi para a faculdade.
Não temeu nada.
Nem a republica.
Nem os professores.
Nem a morte quando a encarou de frente.
Clara conhecia tudo.
E nada temia.
Mas ela não conhecia o amor.
Mesmo assim não temia-o.
Porque não temia o desconhecido.
Clara achou que devia temer aquilo que nunca temera.
E fazer aquilo que nunca fizera.
Resolveu amar.
E temer o amor.
Mas não funcionou.
Porque amou a sim mesmo.
Amava e não temia.
Porque não conseguia temer o que não desejava
Clara tinha muitas certezas.
E viveu bem com todas elas.
Até conhecer o amor.
Clara se deu.
Se entregou.
Se libertou.
Clara não temia nada.
Por isso não sofria.
Não temia sofrer.
Porque até então não conhecia.
O ser amado temia Clara.
Temia seu não temer.
Temia-lhe tanto que a deixou.
A deixou conhecer aquilo que não temia.
Sem medo.
Afinal,ela dizia não temer o desconhecido.
Clara não entendia o porquê de ser deixada.
Não entendia o sofrimento.
Não entendia o porquê de não ter imaginado.
De não ter previsto.
Enfim, de não ter temido.
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